A Gestão do Conhecimento depende de um "Ba"!
Gostaria de convidar o leitor a refletir acerca dos mitos tradicionalmente associados à gestão do conhecimento (GC). Embora boa parte da literatura associe tradicionalmente GC às idéias de compartilhamento, aprendizagem, autonomia e abertura às idéias e inovações, dentre outras, todas essas questões são absolutamente anti-naturais. Ora, se informação e conhecimento significam poder nas organizações, por que compartilhá-los? E o que dizer da aprendizagem em organizações, trata-se de processo natural, linear, indolor e confortável? A quantas anda o grau de abertura e receptividade da sua organização às novas idéias e sugestões, por mais “esquisitas” e curiosas que elas possam parecer? Faço as provocações para trazer as boas novas: todas essas questões anti-naturais podem ser superadas! Nas pesquisas que desenvolvi nos últimos dez anos sobre a GC no ambiente brasileiro de negócios, obtive como principal resultado a constatação de que a eficácia da criação do conhecimento organizacional depende de um “contexto capacitante”, ou, em outras palavras, a idéia japonesa do “Ba” (lugar) ou “ espaço” organizacional do conhecimento, que pode ser físico, virtual, mental ou, mais provavelmente, todos os três juntos. Em minha opinião, a GC é uma impossibilidade, visto que o conhecimento - a partir de um recorte epistemológico - é algo que só existe na mente humana. O que é passível de gerenciamento não é o conhecimento em si, mas unicamente o contexto e a prontidão no qual ele é criado e se manifesta na organização. Os líderes das organizações do conhecimento neste complexo e turbulento contexto de negócios do século XXI são eficazes gestores de contextos capacitantes e estão sempre se questionando: “como posso continuamente criar as condições favoráveis que encorajem, estimulem e recompensem os comportamentos anti-naturais como o compartilhamento, a aprendizagem, a abertura às novas idéias e inovações, a tolerância aos erros honestos e a solução colaborativa de problemas? Como conectar cérebros, conhecimentos e experiências para a inovação contínua em um processo de gestão para o conhecimento?” Não acredito em literatura “pop-management”, essas que habitam as prateleiras das livrarias envoltas em mantras e cânticos de “best-sellers hollywodianos”. Incomoda-me essa venda indiscriminada de cápsulas anódinas de auto-ajuda gerencial e esoterismo miquelino. Enfim, não acredite em ferramentas milagrosas por que simplesmente não há receitas de bolo! É exatamente por isso que afirmo que a criação de conhecimento na empresa não é um processo que pode ser controlado, mas apenas nutrido e estimulado. É importante então começar a pensar em quais são os conhecimentos críticos da sua organização face a uma analise e interpretação razoavelmente estável do caótico ambiente de negócios. Se existem “gaps” de conhecimentos críticos, é papel da liderança – e não somente do RH – o desenho de um processo de aprendizagem organizacional para a geração de conhecimento estruturado ao redor da estratégia, da cadeia produtiva e dos fatores críticos de sucesso do negócio. É preciso estimular a ampliação de nossos modelos mentais. Sinto que é chegada a hora de avançarmos pelas chamadas “humanidades” e começarmos a introduzir temas como filosofia, sociologia e arte na educação de nossos executivos. Precisamos criar espaços para discutir as novas organizações dialéticas e paradoxais do século XXI.
Gostei ! Para mim as palavras-chave são: modelos mentais e liderança. Também é importante ampliar entendimentos da visão de mundo por meio da filosofia e demais 'humanidades' !
ResponderExcluirExcelente, Riva. Podemos republicar no site do IIP, como artigo?
ResponderExcluirClaro, Ricardo!
ExcluirRivadávia, concordo em todos os sentidos com a sua colocação. E isso não é mágica. Entretanto, é preciso todo um trabalho para despertar o interesse dos executivos para a leitura da Filosofia, Sociologia e Artes um excelente começo para aprender Humanidades. Esta é a chave. Perfeito! Abraços, Rosangela Maciel
ResponderExcluirAcredito que a Gestão do Conhecimento depende também do tipo de política das organizações. Algumas organizações ainda acreditam não tem o dever de ensinar seus funcionários. Se não ficar claro esta tomada de decisão em relação ao compromisso de ensinar, a organização não se sentira co-responsável no aprendizado dos funcionário. É preciso que todos se sintam responsáveis pelo aprendizado! Sem esse valor até é possível o ensino, no entanto não há a construção de uma relação de confiança e, consequentemente, o aprendizado. Enfim...A GC é no fundo um tema profundamente estratégico para as organizações e essas devem reconhecê-lo como tal.
ResponderExcluirPenso desta forma.