terça-feira, 3 de agosto de 2010

Reta final do GCPCL...

Caros,

a coordenação técnica do GCPCL - HBS confirmou hoje a minha follow-on session em Janeiro de 2011 (17 a 20) em Shanghai, China. O programa de Harvard continua e será encerrado na China. Chegarei ao Brasil nesta sexta feira e fico na expectativa de nova viagem aos EUA no dia 21 de agosto. Voltarei a Boston para entrevistar o Professor Michael Porter para o Fórum HSM de Estratégia, eis o link: 


O evento será transmitido ao vivo e já antecipo meus agradecimentos à HSM e Fundação Dom Cabral pelo convite. Por fim, tenho ainda uma útlima viagem aos EUA em outubro para apresentar um paper selecionado ao ASIST 2010 em Pittsburgh, PA: ASIST 2010 - Annual Meeting O paper foi escrito em conjunto com o Professor Chun Wei Choo da Universidade de Toronto e é bem provável que nos reúnamos para discutir mais uma pesquisa em conjunto para 2011.O título do paper é:

"The Post Nonaka Concept of Ba: eclectic roots,evolutionary paths and future advancements"


Acordei na madrugada para reler os quatro casos de hoje, teaching notes, conteúdos programáticos e ementas do MBA da HBS (obrigatórias e eletivas), planos de aula, etc. Todas as sessões do dia foram conduzidas pelo Willis Emmons- Currículo 

O ponto de partida é o caso "Marriot Corporation" e a decisão do filho do fundador - J.W. Marriot, Jr., chairman of the board e presidente - em implementar o seu "Project Chariot". O Project Chariot consitia em uma re-estruturação radical da organização cujo core era a separação entre os negócios de serviços do grupo (Marriot International: trademarks, sistemas de reservas e franquias, serviços de gestão, etc) e os negócios imobiliários (Host Marriot Corp.: real estate. partnership, travel plazas, etc.). O projeto foi levado adiante em virtude de um rombo na operação de real estate. Enfim, o pano de fundo é a decisão de criação de valor para os acionistas (shareholders) às custas dos bondholders - que acabaram ficando com a parte podre da operação, rezando para a retomada dos negócios imobiliários pós-crise. A leitura desse caso foi muito interessante, principalmente por que o caso diz respeito aos Marriot (pai e filho) do estado mormon de Utah, onde fiz intercâmbio. Lembro-me das notícias sobre J.W. Marriot, Sr. na década de 80:  fundador, presidente, executivo poderoso e respeitado, líder em sua igreja e um ativista na política e filantropia. Eu era adolescente e já ouvia os boatos que o filho começara a destruir a obra do pai... Bom, com esse pano de fundo, Willis Emmons inicia com a provocação de que as considerações éticas afetam o comportamento humano. O objetivo do dia de hoje era explorar o processo de preparação para lecionar uma aula do currículo obrigatório da HBS. A discussão do caso Marriot acontecia na disciplina LCA (Leadership and Corporate Accountability).Em 2007, um grupo de 9 profesores se reuniu antes da sessão com vistas à discutir planos de aula alternativos e assignments. Assitimos trechos desse vídeo e em seguida observamos uma gravação do Professor Allen Grossman em ação na sala de aula. Ao final - tendo lido ementas, objetivos do curso, assignments dos professores, notas técnicas, e teaching plans - teríamos que fornecer feedbacks ao Professor Allen Grossman. A condução de Emmons não me é muito estimulante e, sinceramente, foi uma perda de tempo utilizar todo o tempo de uma sessão apresentando um vídeo (além de trechos de vídeos nas outras sessões do dia). Fico me perguntado se- mesmo embasados em learning objectives -  a coordenação técnica do GCPCL se lembrou que voamos de todas as partes do mundo para estarmos aqui: nosso tempo e recursos são exíguos... Teria sido mais interessante ter enviado o vídeo antes para que assistíssemos em casa (e essa foi a opinião de quase a maioria dos colegas do colóquio). Acho que desperdiçamos uma oportunidade riquíssima para explorararmos a tríade - economics, law and ethics - que compunham o framework teórico do caso. Embora a ação de criar valor para o acionista tenha sido legal no caso, ela não resolve a questão ética em relação aos bondholders. Eu organizei o caso em uma figura que tento descrever aqui:


  1. Input - "broader issues" (as questões levantadas - é legal? é ético? Vc recomendaria a implementaçãoou não? A decisão favorável causaria danos à reputação no mercado de capitais americano?

  2. Process - "different perspectives" + transversalidade (funções, disciplinas, projeto pedagógico) - (i) branding (mkt), finance/economics (shareholder value), (iii) social and public responsibility, (iv) decision making (bounded rationality), (v) general management, (vi) legality, etc

  3. Output - takeaways em (1)  + takeaways em (2)
Eis um exemplo de um teaching plan da HBS para uma sessão de 1:20 min:

(5 mins) - Intro + take vote (going forward with Project Chariot or no?)
(15 mins) - Reasons for going forward? (partindo do princípio que a maioria votou sim em sala de aula)
(25 min) - Então , trata-se de uma questão oportunista ou uma questão de sobrevivência?
(15 mins) - "Let's focus on bondholders"
(15 mins) - Entrega do caso B (continuação do caso discutido) - "O que vc faria agora?"
(5 mins) - Wrap up

Apesar da minha crítica às sessões do programa, tenho acumulado aprendizados significatiovs a partir da experiência: a excepcional capacidade do corpo docente da HBS em trabalhar em equipe (essa competência coletiva é impressionate!) e a gestão da sala de aula (em um ambiente estimulante) em sessões de 1:20 minutos. Não só é possível fazer em 1:20h, como eles o fazem com maestria. A HBS criou o seu business e - quer gostemos ou não - é "líder de mercado" naquilo que se propõe. A HBS não só recorrentemente "spread the gospel" (seu papel de evangelização é óbvio e legítimo), como também desenvovleu seu próprio modelo organizacional: há uma estratégia bem delineada, estrutura coerente, processos bem alinhados, capital humano... A HBS executa a partir de sua competência coletiva ímpar. Isso é realmente admirável. Posto aqui as minhas críticas e reflexões, mas manifesto o meu respeito e a minha admiração pela HBS por aquilo que ela representa e pela sua entrega efetiva. Afinal, neste mês de capacidade ociosa, faturaram mais de 1 milhão de dólares com esse programa! É mole?

 Nas rodas de conversa dos últimos três dias, provoquei os colegas: "Se vcs pudessem voltar no tempo e tivessem a oprotunidade de escolher qualquer MBA nos EUA, vcs escolheriam a HBS?" O debate varou a noite e foi muitíssio interessante... Eu? Bom, eu sou "Mintzberguiano"..  ha,ha! Como diria a minha avó, "para bom entendedor, pingo é letra!"

Para terminar, alguém aí sabe a razão da escolha da Ásia para continuação e encerramento do programa em 2011 ?  :)  Yes, HBS is moving to Asia... very clever and business-oriented decision!

Até o próximo post!

Riva

PS: observem - na foto abaixo - o dedo da minha colega Ângela Fleury no canto superior esquerdo da foto... SENSACIONAL!


2 comentários:

  1. Riva, gostaria de te parabenizar, além é claro de sua muito merecida participação no programa, pela iniciativa do blog. Muito legal e instigante! Venho acompanhando sua rotina nestes dias, curioso com o conteúdo dos casos e esperando o próximo post. Um grande abraço! Flavio Serpa

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  2. Valeu, Flávio! Eu não sabia que o blog iria consumir tanto das minhas poucas horas de sono por aqui...

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